Na segunda feira da semana
passada o site www.heavens-above.com previu
que na sexta feira a Estação Espacial Internacional, a ISS, passaria
praticamente sobre Cunha e, mais do que isso, sua trajetória a levaria
diretamente ao encontro ao Sol, passando na frente dele. Era a informação que
eu estava esperando há 6 meses, quando cogitei de fotografar esse momento de
coincidência, monitorando as passagens diurnas da ISS. Na quinta feira
confirmei a informação do local e da hora prevista para o evento: sexta
feira, 05 de abril, 9:54h. Consultei a carta celeste e vi que no momento
do evento o Sol estaria adequadamente posicionado ao alcance do
telescópio a 47° de altitude, azimute 51°. De noite iniciei os
preparativos, instalei o telescópio Coronado Solar Max II 60 mm, acoplei as
câmeras e preparei os filtros solares. No grande dia, mal dormi, pulei da
cama cedo e corri para confirmar o tempo aberto. Depois da ansiedade no café da
manhã e antes de abrir o teto rolante de meu pequeno observatório ArgoNave,
preparei o arsenal: filtro solar branco no refletor 200mm f/4, com câmera Canon
EOS D650; filtro solar avermelhado Thousand Oaks no refrator apo 70mm f/8 com
câmera Canon EOS D500 + Barlow x2 e câmera de vídeo DBK no Solar Max e na tela
do laptop. Meia hora antes, abri o teto, enquadrei o Sol, ajustei o foco
e os settings das câmeras. Sincronizei o relógio e 10 segundos antes do momento
marcado, iniciei a gravação do vídeo e disparei incessantemente as 2 câmeras
digitais. Passada a adrenalina do momento, desliguei o equipamento e fechei o
observatório. Só no finalzinho da tarde me dispus a abrir o material, não sem
antes fazer conjeturas sobre as parcas possibilidades de sucesso de minha
empreitada, dadas as circunstâncias de um objeto de 100 x 70m e 450 toneladas a
400 km de altitude e mais de 500 km de distância, passando com velocidade
orbital de 27.600 km p/hora na frente de uma bola brilhante com diâmetro
aparente de meio grau. Improvável? Impossível com meu modesto
equipamento? Embora nada tenha sido registrado pelo enquadramento aberto
do refletor, o resultado do refrator e do telescópio solar foi satisfatório e
gratificante.
Na primeira imagem é evidente a marca sutil da ISS na imagem solar obtida com o refrator e o filtro avermelhado. A ISS aparece com destaque na superfície quase sem marcas de atividade no pico mínimo do ciclo solar
O objeto está em movimento e a marca da ISS aparece com pouca nitidez e só no corte e ampliação da imagem ficam evidentes os painéis solares conectados aos módulos.